Compreender um Seder Pascal Judaico para celebrar melhor a Páscoa Cristã foi a proposta do encontro realizado no Liceu Santista na noite de 27 de março, sob a coordenação do padre Fernando Gross. O momento de espiritualidade incluiu reflexões sobre a Pessach - a Páscoa dos Judeus -, a degustação de comidas típicas e seus significados, bem como a apresentação do Coral Judaico Kadosh. Toda a renda obtida no evento foi revertida para o Instituto de Teologia para Leigos Beato José de Anchieta.

Para o coordenador de Pastoral do Liceu Santista, Sérgio Pereira Nogueira Júnior, o evento proporcionou uma noite de reflexão, espiritualidade e conhecimento. "Nós refletimos sobre nossa própria fé, já que o Judaísmo é a raiz do Cristianismo. Espiritualidade porque vivenciamos uma noite de muitos significados para um povo que foi escravizado, lutou por sua liberdade e ganhou a proteção de Deus. E conhecimento, pois aprendemos os significados dos alimentos consumidos, suas orações e cantos especiais", explica.

Passagem

O Pessach, como é chamada a Páscoa Judaica ou Festa da Libertação, possui muitos rituais. Ela acontece sempre no 14º dia de Nissan (sétimo mês do calendário lunar seguido pelos judeus e equivalente a março e abril no calendário cristão) e dura oito dias.

Para o povo judeu, recordar o fato de libertar-se do cativeiro no Egito significa ultrapassar os limites naturais que impedem a realização de seu pleno potencial. Para eles, o “Egito” de uma pessoa pode ser visível em seu egoísmo, desejos primitivos, vícios. Pessah é uma oportunidade de transcender as limitações e realizar o infinito potencial espiritual em cada aspecto da vida.

No Seder, um banquete reconta
a história da fuga do Egito
por meio de vários alimentos
com função simbólica.

Matzá: uma espécie de pão (ou biscoito) feito de farinha de trigo e água. Simboliza a pressa com que os judeus tiveram para deixar o Egito após a morte dos primogênitos. Como não tiveram tempo de fermentar o pão, ele assou ao sol e tomou um outro formato. Consiste no elemento mais importante do Pessach.

Zeroá: Osso de cordeiro ou galinha grelhado. Faz referêrencia ao animal que era sacrificado em honra de Deus.

Maror: Raiz forte que relembra o sofrimento dos judeus enquanto eram escravos no Egito.

Charousset: Alimento feito com nozes, cravo, canela, passas, maçã e vinho tinto kasher. Representa a argamassa usada pelos judeus para construir as pirâmides egípcias.

Beitzá: O ovo cozido, que simboliza a vida.

Karpass: Tipo de verdura mergulhada em água salgada. É uma referência ao sabor amargo e ao suor do povo na fuga do Egito.