Centenário da Semana de Arte Moderna


A Semana de Arte Moderna foi o ponto culminante de um processo de renovação artística que começara antes de 1922, em busca de uma linguagem que exprimisse a saga de um tempo marcado por notável desenvolvimento científico e tecnológico.

Eventos como a publicação de manifestos e obras, de conferências e exposições começaram a minar as sólidas bases da cultura acadêmica nacional. Nesse sentido, vale destacar a exposição, em 1917, da artista plástica Anita Malfatti, pioneira na luta pela modernização das artes no Brasil. Suas telas, de colorido intenso, pinceladas bruscas e de figuras humanas contorcidas sob o efeito de fortes emoções, provocaram uma violenta reação por parte de Monteiro Lobato, que publicou, no jornal “O Estado de S. Paulo”, um artigo intitulado “Paranoia ou Mistificação”.

Em 1922, a cidade de São Paulo, então florescente centro comercial e industrial, era o palco ideal para a realização de um evento que mostrasse uma arte inovadora, a romper com velhas estruturas.

Foram realizados três espetáculos, no Teatro Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro. A programação teve conferências, declamações de poemas e encenação de peças musicais. O público, acostumado ao rigor formal dos poetas parnasiamos, manifestava seu repúdio por meio de vaias, miados e latidos a cada leitura dos textos modernistas.

Apesar das críticas e dos obstáculos, a Semana atingiu seu objetivo: a divulgação de que existia uma outra geração de artistas, lutando pela modernização da arte brasileira.

Os versos livres, a incorporação, na arte, do cotidiano e a valorização literária da língua coloquial são algumas das conquistas da Semana de Arte Moderna. Como exemplo, transcrevemos o poema de Oswald de Andrade.

Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro